Recursos Naturais e Indústria Extractiva

Comunidades de Tete e de Mpumalanga trocam experiências

A extração de carvão mineral e seus impactos a diferentes níveis é uma realidade presente junto das comunidades vivendo na região carbonífera de Tete e na província sul-africana de Mpumalanga. Por essa razão, representantes das duas comunidades encontraram-se na segunda semana de Outubro em território sul-africano, para mais uma sessão de troca de informação e de experiência, na gestão dos impactos de exploração de carvão nas respectivas regiões.

Para este encontro, representantes de comunidades de Mualadzi, Cassoca e Moatize, na província de Tete, viajaram até Mpumalanga, aonde partilharam suas experiências de vida em zona de mineração, ouvindo, igualmente , a história dos anfitriões em torno do mesmo tema.

Em Mpumalanga, os activistas moçambicanos puderam testemunhar de perto os impactos nefastos da extração de carvão junto das populações locais, nomeadamente na degradação do ambiente. Nessa óptica, uma das consequências imediatamente notórias é a poluição dos rios e as constantes explosões de dinamite, provocando, por um lado, danos ambientais assinaláveis e, por outro, poluição do ar e sonora. Esta realidade é semelhante à de Tete.

O programa dos activistas de Tete incluiu visitas a outras comunidades locais, onde tomaram contacto com uma realidade ainda desconhecida em Moçambique: a de minas abandonadas. Aqui os visitantes moçambicanos foram confrontados como os impactos da poluição de rios, elevados níveis de desemprego entre os jovens, interrupção da actividade agrícola e morte de animais devido ao consumo de água contaminada.

Nos encontros de troca de experiências entre as duas comunidades, ficou patente o sentimento partilhado, segundo o qual a atitude dos governos dos dois países tende a favorecer de forma desproporcionada os interesses das empresas, relegando os direitos das populações a um plano secundário. “Por vezes parece que os nossos governos nos consideram ignorantes dos nossos direitos”, disse um dos participantes.

A visita de representantes de comunidades de Tete a Mpumalanga surge em retribuição a uma iniciativa da mesma natureza, realizada em 2016 por representantes de comunidades de Mpumalanga a comunidades da região carbonífera de Tete. Estas iniciativas enquadram-se num acordo de parceria multilateral, envolvendo o SEKELEKANI, a Associação de Ajuda e Assistência Judiciaria Comunitária (AAJC) de Moatize, a central sindical canadiana da área metalúrgica Steel Workers Union e a Fundação Bench Marks, da África do Sul.

A Fundação Bench Marks é uma organização baseada na fé, que se dedica à monitoria da Responsabilidade Social Corporativa no quadro da indústria extractiva da África do Sul.

Na culminação do programa de partilha de experiências, os activistas das duas comunidades foram convidadas a participar na Assembleia Geral da Bench Marks, durante a qual os visitantes apresentaram um curto vídeo, expondo a poluição ambiental derivada da extracção de carvao sobre o bairro de Bagamoyo, no Município de Moatize. O vídeo foi complementado por uma exposição fotográfica documentando as condições de vida e o quotidiano de comunidades vivendo em zonas de mineração na província de Tete.

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