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América polarizada prepara-se para uma Super Terça-feira

Está tudo aposto para uma super Terça-feira, como alguns jornais descrevem a expectativa em torno dos resultados do escrutínio para a eleição de membros do Congresso, que culmina esta terça-feira com a votação presencial pelos eleitores. A votação vai culminar um processo que vem decorrendo desde há 10 dias. Nesse período, mais de metade do eleitorado terá já exercido o seu direito, votando por via postal ou do correio eletrónico, vulgo email. É o chamado voto antecipado, aqui conhecido por “early voting”.

O tom da campanha, marcado por um forte debate politico-ideológico entre o Presidente Donald Trump e o seu antecessor, Barak Obama, traduz aquilo que um jornalista sénior americano classificou como “uma polarização da sociedade americana jamais vista desde o fim da guerra civil” há mais de 150 anos.

Andre Mouchard, Director-Adjunto e Editor para a política e Imigração, Orange County Register, um grupo de media que inclui uma radio e um diário, é peremptorio ao analisar o contexto político das presentes eleições: “nunca houve crises pós-eleições na América desde os anos seguintes ao fim da guerra civil; mas receio que desta vez venha haver “. E explica: “a forte hipótese dos democratas virem a controlar a Camara dos Representantes implica que Donald Trump venha a ser obrigado a ser mais dialogante, a assumir compromissos com os democratas. Mas o seu caracter e estilo de governação é rígido, e isso pode originar crises”.

A sociedade americana está demasiado polarizada: Andre Mouchard

Na opinião de Mouchard, nem a comunicação social americana, ao longo dos tempos apresentando-se como independente de quaisquer poderes coactivos, escapa à polarização da sociedade. “ Hoje em dia, cadeias televisivas tradicionais como a CBS e a CNN, reportando sobre o mesmo assunto, dizem coisas absolutamente diferentes uma da outra”, sublinha o editor.

A mesma perceção é sublinhada por Shawn Steel, membro do Comité Nacional Republicano pela Califórnia, epitetado depreciativamente pelos seus adversários como um “propagandista”, para quem grande grande da tradicional imprensa americana, como o Washington Post e a CNN, ter-se-ão transvertido em instrumentos de propaganda politica.

Não restam dúvidas que uma das questões mais contenciosas nestas eleições é a problemática da imigração. Os Republicanos usam insistentemente a expressão “invasão”, para descrever a entrada massiva de estrangeiros no território americano, sobretudo cidadãos da América Latina. Por seu lado, os democratas rejeitam fortemente esta expressão, considerando que ela apenas seria adequada se se tratasse de uma ação militar estrangeira contra o país, e contraria a própria historia americana. “Cada cidadão americano latino tem um familiar sem documentos na América, e o discurso anti-imigração vai certamente mobilizar uma votação sem precedentes dos americanos latinos, geralmente apáticos”, diz Robert Shrum, Professor de Ciência Política da Southern California University.

Sistema eleitoral modernizado

Para facilitar o processo de votação, os Estados Unidos, através dos seus diferentes estados e órgãos eleitorais regionais iniciaram a introdução de novas técnicas modernas destinadas a tornar o processo mais convidativo aos eleitores e mais inclusivo.

América polarizada prepara-se para uma Super Terça-feira

Los Angeles, 4 de Novembro

Está tudo aposto para uma super Terça-feira, como alguns jornais descrevem a expectativa em torno dos resultados do escrutínio para a eleição de membros do Congresso, que culmina esta terça-feira com a votação presencial pelos eleitores. A votação vai culminar um processo que vem decorrendo desde há 10 dias. Nesse período, mais de metade do eleitorado terá já exercido o seu direito, votando por via postal ou do correio eletrónico, vulgo email. É o chamado voto antecipado, aqui conhecido por “early voting”.

O tom da campanha, marcado por um forte debate político-ideológico entre o Presidente Donald Trump e o seu antecessor, Barak Obama, traduz aquilo que um jornalista sénior americano classificou como “uma polarização da sociedade americana jamais vista desde o fim da guerra civil” há mais de 150 anos.

Sistema eleitoral modernizado

Reforma do sistema eleitoral baseada na pessoa: Dean C.Logan, Director da Autoridade de Registo

Para facilitar o processo de votação, os Estados Unidos, através dos seus diferentes estados e órgãos eleitorais regionais iniciaram a introdução de novas técnicas modernas destinadas a tornar o processo mais convidativo aos eleitores e mais inclusivo.

Na região (County) de Los Angeles – a maior e a mais complexa jurisdição eleitoral nos EUA, com mais de 500 distritos políticos e 5.200 milhões de eleitores registados, o novo sistema é impressionante, na medida em que o eleitor pode, agora, escolher o candidato da sua escolha antes do dia da votação, através de um sistema sofisticado de voto por via postal.

Neste sistema, os materiais de votação são enviados por correio para eleitores recenseados, os quais, por sua vez, fazem as suas escolhas e enviam de volta ao órgão, dispensando a votação presencial

De acordo com o Director do Registo da região de Los Angeles, Dean C. Logan, alem de aumentar a participação no processo eleitoral, o sistema postal, em associação com outras modalidades introduzidas, elimina totalmente qualquer hipótese de manipulação dos resultados da votação.

Assim, a América está preparada para, amanhã, determinar a composição do Congresso bicamaral sob o cenário de uma “onda azul”, como os democratas denominam a sua campanha.

 

Tomás Vieira Mário, em Los Angeles

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